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Google presta homenagem à primeira engenheira negra do Brasil

O Google prestou justa homenagem na sexta-feira, dia 13 de janeiro, à primeira mulher negra que se formou em Engenharia Civil no Brasil, Enedina Alves Marques. Se viva fosse, a engenheira Enedina completaria 110 anos no último dia 13 de janeiro. Ela ganhou um Doodle - que é uma charge digital temática do site Google. A homenagem ficou no ar durante toda a sexta-feira, 13 de janeiro.


Os pais de Enedina deixaram o campo assim que acabou a escravidão no Brasil, em 1888. Por isso, sua família era remanescente do êxodo rural gerado com o término do sistema escravocrata. Sua mãe passou a trabalhar como doméstica na casa de um militar, o major Domingos Nascimento Sobrinho, em Curitiba. O major financiou os estudos de Enedina num colégio particular com o propósito da futura engenheira civil acompanhar sua filha, lhe fazendo companhia.


Enedina se alfabetizou aos 12 anos de idade e, aos 13 anos, ingressou no Instituto de Educação do Paraná. Enquanto estudava, trabalhava como empregada doméstica ou como babá em casa de famílias curitibanas. Assim pôde custear seus estudos. Durante a década de 1930, lecionou e começou a alimentar o sonho de cursar uma universidade. Em 1940 ingressou na faculdade de engenharia, curso majoritariamente composto por homens. Sofreu preconceito, acabou hostilizada por professores e colegas de classe, mas persistiu. Aos 32 anos, Enedina Alves Marques concluiu a graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, a UFPR, e assim se tornou a primeira mulher a obter um curso superior no Estado do Paraná. Ela logo passou a trabalhar como auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas e, após ser descoberta pelo então governador Moisés Lupion, foi realocada para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná.


Grandes obras


Enedina participou de diversas obras importantes no Estado, como a Usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país) e a construção do Colégio Estadual do Paraná. A engenheira ficou conhecida por usar macacão e portar sempre, à cintura, uma arma, que usava para dar tiros para o alto sempre que julgava se fazer respeitada. Sua história de vida está retratada no documentário ‘Além de Tudo, Ela’, direção de Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni e Pedro Vigeta Lopes. Faleceu em 1981, aos 68 anos de idade, em Curitiba.